quarta-feira, 30 de março de 2011

alfabetismo funcional

Falta política contra alfabetismo funcional
Data de publicação:
30/03/2011
Autor:
Apenas 27% da população entre 15 e 64 anos é plenamente alfabetizada, segundo o último Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), produzido pelo Instituto Paulo Montenegro, referente ao ano de 2009.

O levantamento aponta que 52% dos brasileiros que estudam até a 4ª série conseguem atingir, no máximo, o grau rudimentar de alfabetismo, onde estão classificadas pessoas com capacidade de ler e entender textos curtos, realizar operações de matemática simples, mas incapazes de fazer uma redação relatando como foi seu dia, ou de interpretar um artigo de jornal. Entre os alunos do ensino médio, apenas 41% apresentaram o nível pleno de alfabetização. E, não que possa chamar mais atenção, 29% dos estudantes que ingressam no ensino superior não dominam leitura e escrita.

Na última década, o país praticamente universalizou o acesso ao ensino fundamental (98%) de jovens entre 7 e 14 anos, reduzindo a taxa de analfabetismo, conforme registro da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostro de Domicílios), de 11,5%, em 2004, para 9,7%, em 2009. A mesma pesquisa revela que a taxa de analfabetismo funcional diminuiu de 24%, em 2004, para 20% em 2009, na população de 15 anos ou mais de idade.

O coordenador-geral de alfabetização de jovens e adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação, Mauro da Silva, explica que não há hoje no país uma ação específica para combater o alfabetismo funcional. Esse público acaba sendo atendido pelos cursos de atenção a jovens e adultos (EJA), no país como um todo.

O que tem de política específica

O último levantamento do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) registrou queda de 5% nas matriculas de educação básica do EJA, de 2009 para 2010. As matrículas no último ano totalizaram 4.234.956, sendo 67% no ensino fundamental e 33% no ensino médio. O porta-voz do MEC, diz que o que tem sido feito de imediato para derrubar as taxas de alfabetismo funcional, bem como de analfabetismo no país, é a Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos, com estados e municípios, de forma a induzir a realização de pactos entre esses entes e a União. A ação foi lançada oficialmente em dezembro de 2008, e ainda está em fase de implementação.

Para a professora Onaide Schwartz Correa de Mendonça, coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a estratégia para diminuir o índice de alfabetismo funcional é trabalhar leitura e interpretação insistentemente de forma a não deixar de lado o diálogo e leitura crítica da realidade do aluno, referindo-se a metodologia pregada pelo educador e filósofo Paulo Freire.

Estratégia

Entretanto, a professora defende que antes de combater o alfabetismo funcional, é preciso o analfabetismo. “Com a alfabetização de adultos acontece o mesmo processo que vem ocorrendo com a alfabetização infantil. Os materiais encaminhados para esses cursos são adequados apenas para quem já sabe ler e escrever, pois contém atividades que visam desenvolver habilidades de leitura escrita (o letramento)”, explica. A conseqüência disso é que o aluno não consegue aprender de modo geral e abandona o curso, uma vez que os conteúdos específicos para o aprendizado da língua não são bem trabalhados desde o início.

Onaide afirma que a maioria dos cursos de formação pedagógica no país não tem sequer uma disciplina que trate da alfabetização, e que um dos grandes problemas da educação brasileira está nas políticas públicas que não sabem orientar a alfabetização. E recomenda que os governantes prestem atenção nas grades curriculares dos cursos de formação de professores no país.

A condição econômica, assim como as salas de aula super lotadas, contribuem para o conjunto de fatores que prejudicam a alfabetização, principalmente nas escolas públicas. Ainda assim, o número de analfabetos no país poderia ser bem menor, do que o registrado na PNAD 2009, 14,1 milhões.

Em 2007, a professora realizou uma experiência pedagógica numa comunidade de cortadores de cana no interior de São Paulo, com alunos de 7 anos de idade. “Eu me desdobrava, mas, em meados de maio, 70% da sala já estava lendo e no final do ano todos estavam lendo e escrevendo. Frente ao fracasso da alfabetização de hoje sou levada a acreditar que o maior problema seja o metodológico, ou menos, a ausência de metodologia e de conteúdo específico da alfabetização”, conta. Onaide defende o método de alfabetização sociolingüístico – “sócio” de socialização e conscientização por meio do diálogo, e “linguístico” por desenvolver conteúdos específicos de alfabetização.

O método viria para substituir o que tem sido utilizado nos livros de alfabetização do país, criados a partir da “má interpretação da teoria construtivista, Psicogênese da língua escrita”, que proporciona o letramento, ou seja, o uso da leitura da escrita. Mas se esquece da alfabetização de, simplesmente, ensinar crianças a separar e juntar sílabas.

terça-feira, 29 de março de 2011

DIREITOS HUMANOS


CDHEP - 30 ANOS DE LUTA POR DIREITOS HUMANOS



colagem: Antonio Carlos Pedro/1998

Terça-feira, 05 de abril de 2011, às 19 horas na Livraria Cultura do
Shopping Market Place será lançado, acompanhado de uma reflexão sobre
direitos humanos na contemporaneidade, o livro 30 ANOS DE LUTA POR DIREITOS
HUMANOS.

Publicado pelo CDHEP - Centro de Direitos Humanos e Educação Popular, esta
obra é um conjunto de artigos inter-relacionados que nos convidam a refletir
sobre direitos humanos vinculado com questões como educação, justiça,
pessoas com deficiência, cidade e moradia, democracia, população negra,
direitos das mulheres, liberdade.

É um livro que nos instiga a refletir sobre como os direitos humanos vem
sendo edificado cotidianamente em diversos grupos e movimentos que agem na
defesa dos mais vulneráveis. Desafia-nos a questionar a nossa prática diária
e sua relação com a construção de uma democracia sólida e uma concepção de
liberdade que perpassa necessariamente pela inclusão.

São textos de reflexões profundas, mas também permeados de experiências
práticas o que o torna uma importante referência para um debate atual sobre
direitos humanos na sua indivisibilidade, interdependência e reflexos no
agir contemporâneo.

Os autores são intelectuais e ativistas de direitos humanos reconhecidos no
âmbito nacional e internacional, que a convite do CDHEP, nos presenteiam com
estas reflexões.

Editado pelo CDHEP, os autores são: Chico Whitaker, Deise Benedito, Edni
Maria Gugelmin, Fernando Altemayer, Flávia Piovesan, Flávia Schilling,
Francisco Núncio Cerignoni, Ivone Gebara, Petronella Maria Boonen, Renato
Cymbalista.

Autoria Coletiva: Arual Martins, Augusto Eduardo de Souza Rossini, Cesar
Ricardo Martins, Ivandil Dantas da Silva, Jaqueline Lorenzetti Martinelli,
Marcelo Orlando Mendes e Renato Fernando Casemiro.

Para maiores informações consulte o site:

Ana Silvia Puppim

11 - 5511-9762 / 9613-4142
silvia.puppim@cdhep.org.br

sexta-feira, 25 de março de 2011

POSTAGEM DO TITA RECEBE COMENTÁRIOS





















A Marina navegou no nosso blog e visitou o post do Prêmio Shell de Teatro 2010. Deixou lá o seu comentário que republicamos abaixo.
Seja bem vinda Marina.

O blog é de todos nós que estamos navegando no Projeto Jovens Urbanos.
Para gente entender um pouco mais da atitude do Ator - que aproveita o momento de sua premiação e realiza uma performance artistica.

O querido TITA - ator, educador, e agitador cultural , recebeu o Prêmio Shell de teatro - 2010.

Ao receber o prêmio, num ato simbólico - tomando um banho de oléo - contestou a falta de politica de Estado voltada para os fazedores de cultura, com menos visibilidade.
O ato é um forte apelo simbólico questionando também as premiações da iniciativa privada, realizadas por meio de renúncia fiscal - que no fim acaba sendo com dinheiro público.

Essa postura gigante do ator, evidencia a distância entre o poder público e as manifestações culturais fora do eixo zona sul. Parabéns Tita, pelo prêmio Shell de Teatro 2010, e também pela sua postura critíca revelada na performance.

Olá Tita! Gostaríamos de convidá-lo a participar de um bate papo com nossas turmas - manhã e tarde - assim você poderia compartilhar conosco esta e outras experiências. Voce aceita nosso convite?


Marina disse...

olá pessoal !

Eu to adorando participar do jovens urbanos,
Nós adquirimos muito conhesimentos por meio de pesquisas,
conhesemos sobre cultura que até então sem conheser ,
achava chato,mais to gostando muito.
As aulas são bem dinamicas uma das coisas que bem interresante
para a integração de todos e a inião...e ainda vamos conheser,
outros lugares ,oficinas,teatro etc.

beijos
email:marina-s3@hotmail.com
nome: marina gomes

quinta-feira, 24 de março de 2011

EQUIPINTERNET Nosso primeiro comentário

Olá! Boa noite - bom dia - boa tarde a todos.
Iniciamos nossas atividades com a internet.
A galera vai falar. Na verdade já começamos a falar. Falta o nome da equipinternet!
Conforme nosso combinado de hoje a tarde, a melhor mensagem/comentário, vai ganhar uma caixa de sonho de valsa. Só para confirmar a todos nós, que o sonho não acabou.
A melhor mensagem/comentário será eleito por todos nós.
Portanto, é bom todo mundo começar a ficar ligado! Tá ligado?
Antes do primeiro comentário no nosso blog, e também prá gente entender como é que funciona esse tréco aqui chamdo blog > Veja só!

A imagem ao lado foi fotografada por quem? Alguém se lembra?
Nesse dia escolhemos algumas atividades que desejamos fazer acontecer no decorrer do ano.
A imagem foi fotografada - com uma camera digital nikon - e gravada no cartão de memória - igual ao chip do telefone celular.Em seguida retiramos o cartão de memória da camera fotográfica e colocamos no computador, e salvamos a imagem na pasta do PJU - fotoatividades.
A turma da tarde não estava com a máquina fotografica na mão, então escrevemos no quadro negro e copiamos numa folha de papel? Quem copiou?

Prestem atenção na segunda imagem abaixo - folha de caderno da turma da tarde.
A turma não estava com a máquina na mão. Para não perder viagem -
nem ficar atras da turma da manhã - pois o combinado é a gente sempre andar juntos, não é mesmo! Nós escrevemos os desejos no quadro negro, e alguém que ainda não sei o nome, copiou na folha de caderno.

Esta folha de caderno foi colocada no scanner que funciona assim como uma máquina de xerox - só que ao invés de imprimir no papel, ela transforma a imagem num arquivo digital. É igual uma foto?

É e ao mesmo tempo não é. Durma com um barulho destes!!!! Próximo capítulo continuareamos mais informações e dicas de como esse tréco aqui funciona.

Dia especial.
Estamos dando nosso primeiro passo no universo digital, que é muito maior, infinitamente maior do que apenas trocar mensagens por email ou enviar e receber torpedo. Isso é só o começo. Ah! voces ficaram de escrever uma carta lembram-se? Falamos dela hoje a tarde? E aí? ela vai ser escrita? Escrevam prá gente poder scannear e postar no nosso blog.

Agora vamos ler o comentário abaixo:
Anônimo disse...

Estou Adorando Curti este Curso pq lá nuns expressãos bem neh e tbm agente tem um ótimo aproveitamento nele em conheçimentos diferente tipo coisas que Não virmos neh numa sala de Aula lá estamos tendo a aportunidade de ver e apreende coisas k antes num conheçiamos!. É Istou k eu estou mais gostando nessas 1º semanas lá no Curso na Unicsul e pra mim está sendou maravilhoso compatilha esses momentos bons com os meus colegas de curso e com os Eduacadores Pedro e Rogério neh
E uma experiencia boa em grupo k eu já vive antes e estou outra vez ai neste grupo voltando a ter uh msm sabor de antes gostoso e aproveitoso de compatilha e presentia coisa boas e novas!. É Só oq tenhou a dizer até pq e só o começou de ótimas coisas k estão pra vi ainda ai nessa temporada toda do Jovens Urbanos!.
''Querou adquiri grande coisas de qualidade nele nessa temporada ai Em S.Miguel Paulista''oq eu pode aproveita de mlh nele eu vou está junto cm uh grupo ai Aproveitando..
É Noiss Jovens Urbanoss Z/L

terça-feira, 22 de março de 2011

FÉ NA MOÇADA!

O 1º Encontro Regional do Programa Jovens Urbanos, reunindo ONG´s da Zona Leste - executoras do PJU - em sua 6ª edição - foi um bom momento de troca de informações, saberes e experiências entre os educadores, coordenadores, consultores, e equipe técnica. E serviu também para destacar as ações desenvolvidas na trajetória adesão, tanto quanto despertar interesses e competências entre os profissionais envolvidos na gestão.

Assim a equipe do IBRADESC - representadas pelos educadores Rogério Novaes, Pedro Rafael e Antonio Pedro, que subscreve o post, descobrimos afinidades eletivas com os demais colegas, e o sentido colaborativo para pesquisa e post´s de temas inerentes a Cultura e Juventude, com o propósito de contribuir nas atividades e discussões do PJU. O formato nos permite a discussão sobre comunicação - midia e juventude. No post anterior podemos observar , como o silêncio da grande mídia, assume caracteristicas repressivas e nos impõe a censura, nos privando de informações e conhecimento dos fatos. Neste post , republicado do blog do Zédirceu, a matéria de capa da da Revista do Brasil - Edição 57 - Março de 2011. A matéria Fé na Moçada, permite discutirmos com os jovens o interesse pela politica e pelas causas públicas.

Em seguida abordaremos o tema Direito Autoral - em discussão na sociedade brasileira - que permite a reprodução de textos, artigos, ensaios, e obras de interesse da sociedade, sem ferir os direitos autorais do criador da obra.
Boa leitura! Boa discussão. Compartilhe!
Gentileza gera gentileza.

Fé na moçada

A despeito da despolitização de significativa parcela da juventude brasileira, tem muita gente com uma ânsia louca de melhorar o mundo

Por: Fabíola Perez

Publicado em 17/03/2011

Fé na moçada

Mayara Longo e o Movimento Passe Livre: militância desde a meninice(Foto:Danilo Ramos/Revista do Brasil)

Rebeldes, revoltados, esquerdinhas. Tem todo tipo de qualificação para gente assim. Jovens que não se conformam com a realidade do mundo em que vivem. Que acreditam em valores como a solidariedade e têm convicção de que é possível fazer algo para mudar. E fazem. “Muita coisa está em desacordo na nossa sociedade. Mal saio de casa e já deparo com moradores de rua. Você vai ao posto de saúde e não vê atendimento digno.” Estudante de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Mayara Longo Vivian, de 21 anos, acredita que só se transforma a sociedade com organização e ação. Moradora do centro de São Paulo, para ela a militância é parte do cotidiano tanto quanto estudar e trabalhar.

Aos 12 anos, aderiu ao movimento punk. “Desde a pré-adolescência comecei a militar em um coletivo de apoio ao Movimento de Moradia do Centro de São Paulo”, conta. Ainda adolescente, conheceu o Movimento Passe Livre (MPL), que defende um modelo de transporte público e gratuito e adota como princípios atuar com independência, apartidarismo e tomar decisões coletivas e por consenso. “Toda vez que passo pela catraca de um ônibus sinto que cobrar por esse serviço é uma afronta.” O MPL surgiu em Santa Catarina, constituiu-se formalmente no Fórum Social Mundial de 2005 e organizou-se em várias capitais. Em São Paulo, conseguiu este ano reunir milhares de simpatizantes em manifestações semanais, provocou reuniões com autoridades e conquistou apoio de parlamentares ao objetivo de reverter o reajuste das tarifas de ônibus, de R$ 2,70 para R$ 3, e do metrô, de R$ 2,65 para R$ 2,90­.

Mayara faz parte de um contingente de jovens engajados em pautas cada vez mais diversificadas, segundo pesquisa realizada em 2008 pelos institutos Ibase e Pólis. “Os coletivos juvenis se inquietam mais com as condições sociais”, observa a socióloga­ Helena Abramo, coordenadora­ do estudo “Juventudes sul-americanas: diálogos­ para a construção da democracia regional”. Realizado na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, o estudo mostrou que questões sociais ganham musculatura entre as novas gerações. “Em uma conjuntura diversa da de um passado recente, em que a liberdade era mais restrita, e com o restabelecimento dos instrumentos de participação, a desigualdade social ganha mais espaço”, diz a socióloga.
Para o jornalista Rodrigo Savazoni, coor­denador do projeto CulturaDigital.br, o pulsar que movia a juventude nos anos da ditadura continua latente. “No contato com jovens dos assentamentos do MST, das centrais sindicais, universidades e de ONGs, percebe-se o quanto alimentam a seiva política que corre na sociedade.”

Coração lutador

A voz ainda conserva a euforia dos que gostam de contar histórias. Com 77 anos, Waldemar Rossi foi protagonista de distintos momentos políticos no país. Recorda com orgulho ter integrado a Comissão Justiça e Paz, na companhia de dom Paulo Evaristo Arns, Hélio Bicudo e Fábio Comparato, em defesa dos perseguidos pela ditadura. Até hoje continua engajado no trabalho da Pastoral Operária de São Paulo. Ele acredita que os anos de repressão no Brasil foram responsáveis pelo processo de modificação no perfil da juventude. “A ditadura implementou um modelo de educação para impedir que as futuras gerações tivessem conhecimento da verdadeira história. E essas gerações deixaram de compreender o processo político nacional”, afirma.

Política e futebol

Futebol/Juventude Política- Danilo Ramos

Aos sábados, em um campo de várzea na Lapa, zona oeste de São Paulo, o Autônomos Futebol Clube reúne seus 50 integrantes e seu time de futebol feminino para fazer do esporte elo de integração e participação social. Filho de uma assistente social e de um bancário, Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira, de 28 anos, um dos fundadores do time, foi autor da ideia. “Meus pais eram militantes na época da ditadura, mas eu nunca tive interesse por partidos políticos”, conta. Na adolescência, Danilo chegou ao movimento punk e, por meio dele, conheceu ideais do anarquismo, que defende uma sociedade sem governos.

Formado em Geografia, ele diz que é necessário pensar o mundo de uma forma mais humana. “Discutir política é debater desde o preço do pãozinho até o fato de haver mais espaço para carros que para o transporte público na cidade”, enfatiza. Em seu time de futebol não há presidente nem diretoria. “Nosso time é autogestionário e carrega diversos questionamentos políticos, mas lá dentro cada um tem sua posição.”
Danilo conta que o conceito de futebol como meio de intervenção política é pouco praticado na América Latina. Já na Europa existem outros times com essa mesma proposta. Com um deles, o inglês Easton Cowboys­, o Autônomos já fez intercâmbio. “Nós os convidamos para conhecer a realidade brasileira e em 2009 eles vieram participar de palestras em universidades. No ano seguinte, fomos convidados a ir conhecer o trabalho deles”, lembra.

Inspirado no que viu na Europa, Danilo diz que a atuação do time em prol de comunidades locais fortificou-se.

Morador do centro da cidade, ele apoia o movimento Frente de Luta por Moradia (FML), que se dedica a ocupações de imóveis abandonados e cobra projetos habitacionais na região central de São Paulo. Para colaborar, o time ajuda com doações e divulgação.

“A visibilidade social é conquistada a partir do momento em que se está no centro, geográfico e político”, afirma.

Muitas maneiras

“Durante um tempo as pessoas não sabiam como militar sem ser por intermédio dos partidos. Ao longo dos anos 1980, a juventude que queria participar não encontrava necessariamente abrigo nas pautas dos partidos formais, que se transformavam cada vez mais em estratégias para atingir o poder”, analisa Rodrigo Savazoni­.

Com o avanço da democracia, canais de participação foram se multiplicando, e hoje a juventude encontra espaço para se manifestar por melhorias em sua comunidade ou em seu país, seja na política partidária – o que inclui a disputa pelo poder, mas se esgota nela –, em movimentos sociais e sindicais, seja em coletivos autônomos atuantes nos mais diferentes setores de atividade.

O projeto coordenado pelo jornalista, por exemplo, é capitaneado pelo Ministério da Cultura e conta com incentivo da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da sociedade civil organizada. O CulturaDigital.br realizou em novembro de 2010 a segunda­ edição do Fórum da Cultura Digital Brasileira. A iniciativa reuniu milhares de jovens que se articulam no espaço virtual das redes sociais para trocar experiências e pensar políticas públicas culturais. Para Rodrigo, o CulturaDigital pensa o Brasil um pouco mais à frente.

“Pretendemos usar a mesma metodologia para construir projetos de políticas públicas em outras áreas­, como saúde e habitação”, adianta. O coorde­nador vê no uso das redes sociais na ­internet para fins de mobilização político­-social uma fase ainda embrionária. Mesmo­ assim, elas já são uma eficiente ferramenta de aglutinação e divulgação das mais diversas manifestações.

O advogado Murilo Gaspardo, de 27 anos, presidente da Juventude do Partido Verde em São Paulo, admite o descrédito de parte da juventude brasileira. “Os partidos precisam fazer o resgate da política como espaço para a reestruturação da sociedade. Eles têm de reconquistar a juventude”, avalia. Dispor de canais que permitam viver a experiência da participação e desfrutar resultados são fatores estimulantes.

A atriz, radialista e estudante de Gestão de Cultura Mariana Perin, de 28 anos, coordena,­ com 15 outros jovens de diferentes partidos políticos – entre eles Murilo –, o projeto Estação Jovem, em parceria com a Secretaria de Cultura de São Caetano do Sul, em São Paulo. Estruturas para andar de skate, equipamentos musicais para shows, computadores conectados à internet são alguns dos itens que compõem os espaços do centro cultural. Mariana conta que em 2006 foram realizadas audiências para que a população participasse da construção do projeto e abastecesse de propostas o Centro de Referência da Juventude, que funciona todos os dias na parte superior do Terminal Rodoviário Interestadual Nicolau Delic.

“O termo política vem sendo deturpado. Então, quando a gente consegue criar uma forma arejada de engajar, a receptividade entre os jovens é maior. Organizamos uma situação, inserimos os participantes e depois explicamos que aquilo é política”, diz Mariana. “Falar de política pública por meio de arte, cultura e lazer faz com que aceitem o substantivo política outra vez em seu cotidiano.”

De sonho individual ao coletivo

Luiz Carlos Sembro Junior, o Juninho 13, fazia parte de uma banda e tinha dificuldade de achar lugares para ensaiar, se apresentar e produzir. Em março de 2007, ele e um amigo encontraram um galpão abandonado na Vila Sabrina, bairro carente na divisa entre a capital paulista e Guarulhos. Depois de recorrer, sem sucesso, a várias instâncias municipais e estaduais para descobrir quem respondia pelo espaço, reuniram os síndicos do conjunto habitacional vizinho e propuseram um ato de comodato, uma autorização para ocupar o galpão. Os mutirões e a movimentação chamaram a atenção dos moradores. “Começaram a fazer perguntas, as crianças queriam ficar o dia todo lá. A gente foi sentindo que a necessidade não era só nossa. Passamos a fazer almoços coletivos nos fins de semana, porque as crianças não iam embora e as mães não as procuravam para comer”, lembra Juninho.

Assim criaram o Centro Independente de Cultura Alternativa e Social (Cicas), que, com a participação de voluntários e de outros coletivos de jovens, foi oferecendo atividades cada vez mais variadas à comunidade: capoeira, inglês, recreação, dança do ventre e oficinas de culinária, entre outras.

O coletivo começou a participar de projetos de incentivo. Um estúdio foi instalado com verba do programa Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), da Prefeitura de São Paulo. Mesmo tendo obtido esse apoio oficial, em meados­ de 2010 o grupo surpreendeu-se com o aviso de que seria despejado e o prédio, demolido. Mobilizaram-se, fizeram barulho e criaram um clima de pressão que obrigou a prefeitura a recuar – a administração alegava que pretendia fazer uma praça. Hoje, o Cicas tem de funcionar com autorização para permanecer com os trabalhos sociais, que atendem cerca de 300 pessoas por mês, além dos shows realizados nos fins de semana.

Juninho, que também é funcionário público, lembra que quando era criança não podia passar nem perto da área onde está o Cicas. “Era proibido. Agora isso mudou, as pessoas ficam mais tempo na rua, o clima está melhor. A gente também vê diferença no comportamento das crianças.” E, como os moradores que participam do centro, Juninho também mudou: “Nunca tinha feito nada parecido, agora vejo a nossa responsabilidade, passei a enxergar tudo de forma diferente. Aprendi com cada ação, cada planejamento, e hoje sei que o que fazemos também é uma ação política”.

Bandeiras levantadas

A União da Juventude Socialista (UJS) diz ter cerca de 100 mil ativistas de diversos partidos de esquerda, sobretudo do PCdoB, que viveram momentos marcantes da história recente do Brasil, como a luta dos “caras-pintadas” pelo impeachment do presidente Collor, em 1992, e as marchas contra as denúncias de corrupção ocorridas no governo de Fernando Henrique. O diretor de organização da UJS, Fernando Borgonovi, de 29 anos, afirma que os jovens se envolvem fortemente nas atividades planejadas pelos partidos em parceria com os movimentos sociais.

Ele lembra que em março do ano passado a União Nacional dos Estudantes­ (UNE) e a União Brasileira de Estudantes­ Secundaristas (Ubes) reuniram-se para uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, para pedir que 50% dos fundos criados a partir dos recursos do pré-sal fossem destinados à educação. “A educação ainda está em descompasso­ com o desenvolvimento nacional, por isso temos de garantir que esse recurso não seja dispersado”, defende Fernando.

Filiado ao PSDB, Gabriel Vinícius Carmona Gonçalves, de 16 anos, trabalhou no ano passado em sua terceira campanha política. Para ele, o partido precisa investir mais na aproximação com os jovens. “Tem sido muito difícil atrair a juventude, porque as pessoas, em geral, acham que o PSDB é muito fechado”, avalia. Integrante da Juventude Tucana, Gabriel ressalta que, antes e depois do período eleitoral, o partido costuma organizar, com a ajuda das redes sociais, cursos de formação política.

Juventude Petista / Alessandra - Foto Danilo Ramos

Alessandra Dadona, da Juventude Petista, começou a militar há nove anos, aos 16, e também considera a aproximação um desafio. “Eles têm pique para se engajar. O que falta, muitas vezes, é um canal adequado. Precisamos saber dialogar com as diversas realidades. Isso não pode ser obstáculo, tem de ser um estímulo”, acrescenta. Mayara, do MPL, concorda: “Não importa se o caminho é longo, a gente vai continuar andando. Desmotiva mais viver sem fazer nada do que lutar pelo que você acredita, mesmo com dificuldades”.

Rosana Sousa, secretária de Juventude da CUT, observa que hoje as atenções são fragmentadas numa ampla diversidade de causas. Não é como no passado, quando a resistência à ditadura praticamente unificava tudo. “As bandeiras de luta estão pulverizadas. Para nós, as lutas dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, por exemplo, não podem estar dissociadas das outras demandas da sociedade, como qualidade na educação, na saúde, nas políticas públicas, por também representarem um futuro melhor para o trabalhador”, afirma.

Alessandro Medeiros Pinto, o Preto, de 26 anos, presidente do Centro Acadêmico da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), atua no movimento estudantil, é filiado ao PDT, trabalha na Força Sindical e considera­ baixo o nível de politização da juventude. “A gente tem dificuldade de motivar as pessoas­ que não querem se expor nem assumir­ compromissos”­, lamenta.

O secretário da Juventude da Força Sindical, Jefferson Tiego, de 27 anos, também pondera que é complicado atingir os jovens. “A juventude não se manifesta sobre nada. Nós conseguimos dialogar pelas redes sociais, mas não conseguimos provocar a atitude política”, diz. Assim como a CUT, a Força está na luta pela aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e gostaria de ver os jovens empenhados. “Afinal, isso vai beneficiá-los, pois terão mais tempo para estudar e, assim, conquistar um futuro melhor.”

Apenas mudar o mundo

Depois de se envolver com o ativismo estudantil, Rodrigo Rubido, com um grupo de amigos do curso de Arquitetura da Universidade Católica de Santos, tomou gosto pela tarefa de mobilizar gente e tomar atitudes para melhorar o estado das coisas. Uma dessas iniciativas foi um mutirão para restaurar o Museu de Pesca de Santos, abandonado havia anos. “Pusemos em prática a produção coletiva, com o envolvimento de comunidades caiçaras. Logo éramos 150 estudantes, e fomos percebendo o quanto conseguíamos realizar”, lembra. Pouco tempo depois, um grupo de estudantes da América Latina visitou o museu e, empolgado com a metodologia criada pelos alunos de Arquitetura, incentivou-os a disseminar a fórmula. Em menos de um ano, em 1999, nasceu o programa Guerreiros Sem Armas, um curso que capacita jovens para a realização de transformações positivas e sustentáveis em comunidades.

Na primeira edição, participaram apenas latino-americanos. No ano seguinte, com a criação da ONG Instituto Elos, as vagas se abriram para jovens de todo o mundo. “Na época, estávamos saindo da universidade.

Nossos pais queriam que a gente fosse viver a ‘vida real’, mas não dava mais. Até abrimos um escritório de arquitetura, mas, em paralelo, criamos o Elos”, afirma Rodrigo, hoje com 36 anos e os mesmos sonhos da época da universidade.

O programa já teve seis edições e recebeu quase 300 jovens, de 26 países. A metodologia, segundo Rodrigo, tem sete passos: olhar, afeto, sonho, cuidado, milagre, celebração e re-evolução. Os participantes aprendem a identificar características positivas de comunidades carentes de Santos, se integram a elas e, a partir dos sonhos dos moradores, começam a trabalhar em conjunto.

O processo de seleção é complexo: além de se comprometer com as atividades propostas pelo instituto, o candidato precisa ter entre 18 e 35 anos, “um sonho e uma visão de mudança, compromisso efetivo com sua causa e muita disposição e energia para agir”. O custo médio do curso é R$ 9.000 por participante, mas o valor individual repassado é de R$ 5.000. “O fator mais importante é a seleção: é preciso ter espírito empreendedor e sonhar em mudar o mundo. Não queremos que ninguém fique de fora por questões econômicas. Conversamos com os selecionados, vemos quem pode pagar e estimulamos que todos captem recursos, além de nós mesmos”, explica Rodrigo. Na edição de 2011, por exemplo, dos 64 participantes, 40 foram subsidiados, dos quais 23 não pagaram nada, entre eles, moradores de favelas.

O estudante carioca de Relações Internacionais Teo Petri Branco, de 24 anos, conheceu a ONG em 2009, quando ouviu um integrante do Elos falar sobre as ações do instituto e sobre o Oásis – jogo comunitário que utiliza a mesma metodologia do programa Guerreiros Sem Armas, em que a população e voluntários constroem em mutirão projetos escolhidos pelos moradores –, que seria realizado em Santa Catarina, em lugares atingidos pelas chuvas. “Viver um Oásis é uma experiência incrível, você repensa muito sua vida, o que você é capaz de fazer. Não parece, mas o que aprendemos a fazer ali é política pura, e no final percebemos que podemos fazer tudo”, afirma Teo, que também esteve na edição do Guerreiros Sem Armas de janeiro deste ano.

Cada jovem que participa de um Guerreiros Sem Armas ou Oásis sai multiplicando essa gana de melhorar seu bairro e – por que não? – o mundo. “Começar a acreditar é sempre o primeiro passo”, garante Rodrigo.

O kirchnerismo e os jovens argentinos

Aos 60 anos, Néstor Kirchner, marido da atual presidente Cristina, era tido por muitas lideranças políticas de seu país como o grande responsável pela reaproximação dos jovens da participação política. Segundo a socióloga María Soledad Catoggio, professora da Universidade de Buenos Aires (UBA), as lutas políticas em torno de temas como direitos humanos e antiglobalização voltaram a atrair os mais jovens, depois de um longo período em que as manifestações escassearam – o desalento atingiu seu ápice na crise econômica de 2001. “O kirchnerismo conseguiu retomar a identificação com a juventude e contribuiu para a construção de atitudes políticas”, avalia. “As diversas militâncias, em centros universitários, espaços culturais e movimentos sindicais, se complementam com a participação espontânea dos jovens sem filiação partidária em atos e eventos do Partido Judicialista (peronista)”, afirma a socióloga, para quem o desafio das novas gerações é se reinventar.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Prêmio Shell de Teatro


SP: protesto com óleo marca entrega do Prêmio Shell de Teatro
15 de março de 2011 23h25 atualizado em 16 de março de 2011 às 08h27

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A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o troféu. Foto: Fernando Borges/Terra

A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o troféu
Foto: Fernando Borges/Terra

Elisangela Roxo
André Aloi
Direto de São Paulo

Dois atores do Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Arte, premiado na Categoria Especial do 23º Prêmio Shell de Teatro, protestaram na entrega dos troféus na noite desta terça-feira (15) em São Paulo.

A atriz Nica Maria jogou óleo queimado, simulando petróleo, no ator Tita Reis, que segurava o prêmio durante o discurso. "Nosso corpo de artistas explode", disse Reis. Com o o rosto cheio do líquido preto, citou no discurso "crianças iraquianas que explodem". "É bom poder contar com empresas ecológicas e politicamente corretas de fato", ironizou sobre a Shell, patrocinadora do evento.

Em entrevista ao Terra por telefone, após a premiação, o representante do grupo, ator e diretor Luciano Carvalho explicou que o protesto se deu "pela contradição de a categoria teatral não dialogar e ter como intermediário uma multinacional petrolífera".

"É um fato alarmante porque nós, os 'fazedores de teatro', não temos controle sobre a direção das políticas públicas, inclusive de cultura e uso do subsolo. A gente recebe o prêmio de cabeça erguida porque o dinheiro é de trabalhadores e cooptado e expropriado por essa empresa", completou. O grupo deve soltar uma nota sobre o ocorrido em seu site oficial na quarta-feira (16).

Todos os vencedores recebem uma escultura em metal em forma de uma concha dourada, inspirada no logotipo da Shell, e uma premiação individual de R$ 8 mil.

O Dolores Boca Aberta concorria, entre outros, com a atriz Karin Rodrigues, viúva de Paulo Autran (morto em 2007) e indicada pelo encaminhamento e socialização do acervo pessoal do ator a instituições culturais na Categoria Especial.

O ator Norival Rizzo, na disputa por sua atuação em 12 Homens e Uma Sentença, criticou a escolha do grupo na categoria. "Acho que o prêmio especial não deveria ter concorrência, mas ser entregue direto a Karin", explicou.

"Foi uma atitude de visão pequena da parte deles, são extremistas", disse o apresentador Marcelo Tas, casado com a atriz Bel Kowarick, indicada ao prêmio por Dueto para Um. "Eles não conseguiram enxergar a coisa maior de tudo isso e se igualaram a quem só quer aparecer na revista Caras."

Para a apresentadora do prêmio, Beth Goulart, a atitude foi desnecessária. "Receberam um carinho e deram um tapa."

O autor premiado da noite, Leonardo Moreira, da peça Escuro não se incomodou com o protesto contra a Shell. "Cada um faz seu discurso. Acho legal ter esse espaço."

Premiados

Escuro era a favorita da edição, das cinco indicações que teve, levou três prêmios, por autor, figurino e cenário. Bete Dorgam, de Casting, foi eleita a melhor atriz e Luciano Chirolli, por As Três Velhas, melhor ator. Rodolfo García Vásquez, do grupo Satyros, ganhou como diretor pelo trabalho em Roberto Zucco.

Veja a lista completa dos vencedores:

Música
Fernanda Maia por Lamartine Babo

Iluminação
Caetano Vilela por Dueto Para Um

Figurino
Theodoro Cochrane por Escuro

Cenário
Marisa Bentivegna e Leonardo Moreira por Escuro

Categoria especial
Grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes pela pesquisa e criação de A Saga do Menino Diamante - Uma Ópera Periférica

Direção
Rodolfo García Vásquez por Roberto Zucco

Autor
Leonardo Moreira por Escuro

Ator
Luciano Chirolli por As Três Velhas

Atriz
Bete Dorgam por Casting

Homenagem
Maria Alice Vergueiro, paladina do teatro experimental brasileiro

terça-feira, 15 de março de 2011

Avaliação do Consultor Vandeí sobre as atividades iniciais


Com o propósito de trocarmos experiências vivenciadas na Trajetória Adesão, com os jovens e demais colegas, postamos os comentários, avaliação e considerações, do colega Vandeí.

Acreditamos nesta experiência inovadora, por meio da qual, os jovens também tomam contato direto dos processos de monitoramento e avaliações a que nos submetemos todos - educadores, coordenadores e equipe técnica - para o sucesso e realização plena do Programa Jovens Urbanos em sua 6ª edição.


RELAÇÃO COM O PLANEJAMENTO

O relato tem relação com as propostas do planejamento, no que diz respeito as atividades e vídeos propostos. Mas, não aparecem registros das explorações (circulação) nem de produções com os jovens.

Os registros das explorações e das respectivas produções dos jovens – estão sendo realizadas e arquivadas para posterior publicação, após assinatura das cessões de uso das imagens. Estes registros ocorrem desde as inscrições.

DEPOIMENTOS DOS JOVENS

O Blog apresenta comentários dos jovens, mas de uma forma muito ampla e desorganizada.

Não diria desorganizada, mas sim em processo de construção, ou melhor, intencionalmente vem sendo organizada pelos próprios jovens, que ainda estão em processo de se conhecerem uns aos outros.

RECURSOS (VIDEO, FOTO ETC.)

Não há nenhum registro visual (fotos, vídeos) das atividades das primeiras semanas.

Os registros das explorações e das respectivas produções dos jovens – estão sendo realizadas e arquivadas para posterior publicação, após assinatura das cessões de uso das imagens. Estes registros ocorrem desde as inscrições

CONSIDERAÇÕES

O relato sobre as primeiras semanas de atividades está muito bem escrito, mas faltaram especificidades das turmas, assim sugiro que cada educador faça o seu próprio relato. Assim, aparecerá especificidade de cada período, de cada turma e de cada educador;

Sem dúvida, o relato sobre as primeiras semanas refletem exatamente a fase de (dês) organização e pré-produção das dinâmicas a serem implementadas. Lembramos o fato de que o grupo de jovens sob a condução dos educadores Rogério e Pedro Rafael, estão acolhidos dentro do espaço da Universidade Cruzeiro do Sul, que tem sua própria dinâmica, com escola secundária nos períodos da manhã e tarde – recreio, etc. Por outro lado, contamos com sala com acesso a internet, telão e projeto multimídia, que permite aplicar conteúdos diversos plugados on line na rede mundial de computadores (WWW). Assim, é natural também que os educadores estejam se adaptando com as dinâmicas pré-estabelecidas, quero dizer, diferente das outras entidades que mantém e realizam as atividades do PJU nas suas próprias dependências, nós estamos nos adaptando às dependências da Universidade, e a mim cabe estruturar no decorrer do período, a utilização de outros espaços da universidade, tais como a biblioteca, e o laboratório de informática, onde pretendemos que cada jovem se ocupe do blog jovensurbanos-ibradesc, e também com a criação de seu próprio meio de comunicação (blog).

Lembrando que temos sempre que contextualizar para possíveis leitores, o blog não é apenas uma ferramenta de prestação de contas, mas, um diário eletrônico que os próprios jovens terão acesso, por isso precisa ser leve, dinâmico, sem textos muito longos;

Sem dúvida o blog deve refletir e contextualizar as atividades e dinâmicas dos jovens participantes, como apresentar informações inerentes que traduzam conteúdo e forma do que está sendo proposto pela metodologia do programa, e avançar nas questões (in) formativas.

- Sobre os comentários dos jovens, o ideal é haver uma sistematização das falas.

O educador, por período, escolhe as falas mais significantes e relevantes para serem postadas; e também os educadores podem discutir com os jovens qual será a sua participação nesse espaço virtual;

Com respeito aos comentários dos jovens, de fato haverá esta sistematização e os educadores até o presente momento, estão acolhendo os novos jovens da 2ª chamada e nivelando as informações e conteúdos repassados desde o inicio das atividades para aos novatos.

- Os registros visuais são importantíssimos para publicar as atividades (explorações, produções, dinâmicas) que acontecem nas ongs, as fotos e vídeos servem para ilustrar e dinamizar o blog;

Os registros visuais a partir desta semana, tão logo as turmas estejam formadas, passarão a compor o blog, sempre comentários dos jovens e textos complementares dos educadores e coordenador.

- A circulação (explorações) é um eixo fundamental no PJU, devem acontecer logo no momento inicial do programa, como em todo o processo, para ampliar as práticas de circulação (dentro e fora do território), para que o jovem possa apropriar-se dos espaços urbanos (acesso a bens materiais e simbólicos, recursos e serviços);

Estas circulações já estão acontecendo, e deverão ser relatadas pelos jovens e educadores com brevidade. Todavia, esta atividade foi realizada com metade da turma, que de certa forma, prejudica as dinâmicas com a chegada dos novos. Buscaremos alinhar, ou melhor, nivelar as atividades com os novatos para que todos possam refletir e discutirem com pertinências as atividades.

Direito à Cidade

Lendo o resumo do trabalho de conclusão de curso de serviço social da colega Elaine dos Santos Souza – sobre a Juventude e Direito à Cidade: vivências de jovens do Grajaú com a circulação na cidade de São Paulo, , despertou em mim o interesse da leitura na íntegra. Enquanto aguardamos a publicação, podemos refletir sobre o atual modelo de vida e desenvolvimento das cidades bipolares. São elas de um lado repleta de oportunidades, lazer, riqueza e diversidade, bons equipamentos públicos voltados para expressões culturais, enfim, dotadas de riqueza, recursos sócio político cultural. Do outro lado as desigualdades, desrespeitos aos direitos básicos de cidadania, água, esgoto, luz, escola, praças, creches. Aproximar estas duas cidades é o desafio. O modelo de desenvolvimento atual privilegia interesses econômicos, acabam por beneficiar grandes grupos empresariais, geram especulações financeiras e imobiliárias, em detrimento dos interesses legítimos da população, sacrificadas sem condições de uma vida digna, sem serviços públicos de saúde, lazer, saneamento básico e toda sorte de necessidades. O Direito à Cidade é um dos direitos humanos básicos. É preciso mudar as formas de governar e desenvolver as cidades, para que estas sejam apropriadas e usufruídas por todos os seus habitantes. Não existe cidade sem pessoas. A Carta pelo Direito à Cidade destaca os direitos humanos no âmbito urbano e reconhece direitos que devem ser considerados. O Direito à Cidade é um direito coletivo de todos os habitantes, que buscam o desfrute eqüitativo da cidade dentro dos princípios de sustentabilidade, democracia, equidade e justiça social. De acordo com a Carta Mundial pelo Direito à Cidade redigida com a colaboração de diversas organizações não governamentais, associações profissionais, movimentos populares e redes nacionais e internacionais da sociedade civil, o Direito à Cidade é básico. O documento nasceu no I Fórum Social Mundial em 2005, para saber mais sobre os princípios, fundamentos e compromissos do Direito à Cidade, acesse Brasil. Outro artigo interessante é: Caminhos da Juventude à Maioridade nas Aldeias do Brasil de Carlos Odas, que se inicia com o seguinte termo: "Penso as cidades do meu país como uma miríade de aldeias; e quando penso “aldeia” penso num lugar ao qual se pode pertencer disposto sobre um território que esteja submetido aos interesses da coletividade que nele vive. Aldeia é um chão juncado de sonhos dos que ali estão, germinados para os que virão. A minha aldeia é moderna, tem energia elétrica proveniente da luz do Sol, da força dos ventos, do gás processado do lixo que os próprios aldeões produziram. Nas tabas culturais, chamadas de escola, leciona-se, por meio das mais altas tecnologias, idéias sobre direitos, liberdade e responsabilidade. E a verdade é que as mais altas tecnologias deveriam servir, mesmo, para aproximar-nos da simplicidade do fato de que somos humanos: sabemos falar, cantar, dançar, e somos capazes de sentir prazer dedicando-nos ao bem estar coletivo. Como é óbvio, sei que somos capazes de fazer a guerra também, de matar em nome de determinados interesses; mas como, em geral, a guerra nunca é um interesse coletivo, não a porei entre as possibilidades da minha aldeia. Acontece, o que é mais complexo, que imagino que a política – e, em especial, o que convencionamos chamar de “política pública” – deva constituir o caminho que transita do mundo em que vivemos para aquele no qual queremos viver....." Carlos Oda foi Secretário Nacional de Juventude do PT (1999/2001), Conselheiro do Instituto Cidadania e um dos coordenadores do Projeto Juventude (2004). Atualmente é Assessor da Secretaria Nacional de Juventude da Secretária-Geral da Presidência.

Antonio Carlos Pedro
designer / gestor cultural